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'127 Horas' transforma acidente real em lição de vida

18/02/2011

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A badalação em cima de Danny Boyle, depois do premiado e bem sucedido nas bilheterias “Quem Quer Ser um Milionário?”, não o fez perder a lucidez. O diretor utilizou sua moral para viabilizar não um filme megalomaníaco ou pretensioso como trabalho seguinte à vitória no Oscar, mas uma obra com cara de cinema independente, coerente com o resto de sua carreira.

“127 Horas” é baseado na história real de Aron Ralston, montanhista que sofreu um acidente no Grand Canyon e ficou as tais 127 horas com o braço preso por uma rocha. Sozinho no lugar desértico, teve que arrumar soluções drásticas para conseguir sair de lá.

No filme, Aron é interpretado por James Franco (trilogia “Homem-Aranha”), que usou bem a energia do personagem para entregar a melhor atuação de sua carreira, num filme difícil, no qual ele brilha sozinho quase que na totalidade dos 94 minutos de projeção.

O único “porém” é que, mesmo com tanto tempo para o ator se mostrar, a típica sequência modelada para o Oscar precisou se fazer presente, na qual o personagem faz um talk show sobre si mesmo. Inclusão safada, com a óbvia pretensão de dar a deixa para Franco viver seu momento ensadecido e garantir uma vaguinha nas premiações da temporada.

Danny Boyle repete a parceria com o roteirista de “Milionário”, Simon Beaufoy, que constrói cautelosamente uma narrativa tensa e consegue inserir elementos atrativos numa história que, apesar de impressionante, poderia ser resumida em duas linhas. Ele usa a história do montanhista para refletir sobre o aproveitamento da vida, sobre o que se poderia fazer, mas não se fez; e sobre o que Aron ainda gostaria de realizar, mas talvez não tivesse mais a chance, em decorrência de um único erro.

Isso fica claro pela montagem, recheada de pequenos flashbacks e projeções dos desejos de Aron. Imagens de pensamentos e sonhos, que muitas vezes se misturam e são jogados numa tela dividida em três partes, numa profusão de idéias simultâneas.

Aproveitando uma locação esplendorosa, a fotografia do equatoriano Enrique Chediak (“Extermínio 2″, “Besouro”) e do americano Anthony Dod Mantle (“Quem Quer Ser Um Milionário”) deita, rola e faz parecer fácil filmar entre fendas estreitas debaixo de um sol escaldante. A variedade dos planos e o primor das imagens é um deleite para os admiradores da boa técnica. Até a inserção de um merchandising descarado é feito de uma das maneiras mais pertinentes que o cinema já viu.

Não é esta a obra-prima de Danny Boyle, mas é muito bom saber que o diretor mantém a excelência e a sobriedade, e continua com cadeira cativa na primeira fila dos cineastas que valem a pena acompanhar sempre.

Fonte: Pipoca Moderna

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